Entrevista com o professor Odair de Abreu Lima 
 
Dia significativo, o 15 de novembro de 1889 representa a data em que houve a Proclamação da República do Brasil. O regime republicano foi instalado no país, derrubando a monarquia constitucional parlamentarista do Império e acabando com a soberania de Dom Pedro II, que era imperador do Brasil naquele momento. 
 
O fato aconteceu no Rio de Janeiro, a antiga capital, por um grupo de militares liderado pelo Marechal Deodoro da Fonseca – a figura que deu o golpe de estado no Império. Desde então, o Brasil viu seu modelo de governo ser transformado. 
 
Atualmente é fato concebido que o modelo republicano permitiu vários avanços à sociedade. É o regime que facilita diálogos e manifestações. Assim, como finalidade, teríamos a construção de um país mais justo. Mas a questão é que, desde a instituição da República, a participação popular na política não se tornou satisfatória e nem é a esperada. O movimento da Proclamação foi elitista e não partiu da massa, conforme explica o professor do curso de Pós em História e Cultura do Brasil da Estácio, Odair de Abreu Lima. Por isso, a maneira de governar em terras tupiniquins traz avanços em alguns aspectos, no entanto, resulta também em períodos complicados, de intensa crise social e econômica. 
 
“A República veio de cima para baixo. A classe política se confunde com parte da classe empresarial e de maior poder aquisitivo. E os assuntos que entram em pauta não correspondem aos interesses da maioria. Neste sentido, vejo que nosso modelo político deve, sim, ser readaptado”, confirma o historiador. 
 
A começar pela participação da sociedade nas questões que dizem respeito às áreas da saúde, educação, saneamento, transporte e economia, por exemplo. Segundo Odair, esse silêncio que muitas vezes paira sob os brasileiros, acaba não se revelando nas graves crises. E ele pode ter se intensificado durante o período de Ditadura, que perdurou por 21 anos. “O povo ficou desacostumado a reclamar, a protestar. A mordaça de 21 anos que predominou durante a Ditadura pode ter dado força a esse efeito”. 
 
Tivemos as manifestações de 2013, 2015 e 2016… E com tanta informação surgindo, principalmente através das redes sociais, é natural que as comunidades se movam em razão do que acreditam. E isso vai além da política: está nas discussões de bairro, de problemas reais, que circundam a vida de todos. 
 
E quando se pensa no futuro? Sabe-se que 2018 é um ano eleitoral. Se for feita uma comparação com as últimas eleições, as municipais de 2016, o que se conclui é que os brasileiros ficaram um pouco ausentes das urnas. Revolta ou inércia? Será que, no próximo ano, esse paradigma irá mudar? 
 
Tudo pode ser alterado perto das eleições. Candidatos que tinham grande aceitação começam a se tornar impopulares. Ou o contrário, alguns candidatos que ainda não eram conhecidos pela população começam a se destacar, de acordo com Odair de Abreu. 
 
Questionado a respeito dos próximos rumos do país, ele complementa: “Precisamos de reformulação, de crescimento econômico, respeitando as diferenças, garantindo direitos e programas sociais. Acrescento que são essenciais políticas públicas que trabalhem rumo ao avanço da sociedade como um todo”. 
 
A grande porta de entrada para a transformação só será aberta através de uma educação de qualidade, para crianças e adolescentes, junto ao conhecimento apresentado por professores e profissionais que trabalham em prol de uma educação completa. Criação de novas dinâmicas e estratégias que tenham planejamento assertivo nas várias áreas em que o Brasil é deficiente, também são deveres dos representantes públicos. Apenas deste jeito o Brasil poderá se tornar um país maduro. É o que todos nós esperamos. 
 
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