A fama e o estrelato das bandas de rock mundialmente famosas proporcionam regalias e bajulações de todas as partes, o que fazem dos integrantes semi-deuses. Em turnês internacionais, é muito comum se ouvir falar de exigências absurdas nos contratos de shows, seja para o backstage, para o show em si ou durante a estadia na cidade. Entre muitos casos curiosos, um dos que mais se destacam é o dos M&M’s marrons da banda Van Halen.

No final dos anos 70, a banda liderada pelo cantor David Lee Roth, se consagrou no cenário musical mundial, levando ao público um verdadeiro espetáculo com mega produções de estilo único, com fogos de artifício e toneladas de equipamentos de luz e som. Pode se dizer que seus shows reinventaram o modo de entretenimento do público, tornando as apresentações lendárias.

Certa vez, saiu uma notícia na imprensa revelando algumas cláusulas contratuais estipuladas aos promotores de cada evento que no mínimo podem ser consideradas duvidosas. A mais famosa delas foi o caso dos M&M’s marrons. Em todos os shows da banda se encontrava o artigo 126 contrato que dizia o seguinte: Não haverá nenhum M&M’s marrom nos bastidores, sob pena de cancelamento do show, com remuneração integral aos integrantes . O artigo foi enterrado no meio de inúmeras especificações técnicas.

Para a mídia, uma tigela enorme com M&M’s de todas as cores, menos a cor marrom, tornou-se o símbolo perfeito, terrível de comportamento de um Deus rock-star. Para muitos aquilo não se passava de uma banda fazendo exigências absurdas simplesmente porque tinha o poder.

Mas será que era só isso? Uma exigência banal e mesquinha?
A coisa não era tão simples. Por trás da excentricidade do pedido, há uma brilhante ideia para a avaliação do controle e da gestão do projeto. Como foi falado anteriormente, os shows da banda exigiam um planejamento logístico e organizacional muito detalhado. Eram milhares de equipamentos em enormes caminhões, que muitas vezes não entravam nos locais dos shows. Além disso, o alinhamento da progressão do show, com luzes e fogos de artifício exigia uma atenção redobrada.

Quando Roth chegava a um novo local de apresentação, a primeira coisa que fazia era ir atrás do palco e olhar para a tigela de M&M’s . Se ele visse somente um confeito marrom, ele exigia uma verificação de linha de toda a produção . Garantia de que você vai chegar a um erro técnico, dizia ele aos técnicos. Eles não leram o contrato”.

Em outras palavras, David Lee Roth não era uma “diva”, ele era um mestre de operações . Ele precisava de uma maneira rápida para avaliar se os técnicos e assistentes em cada local da apresentação estavam prestando atenção, se tinham lido cada palavra do contrato e levado a sério. O raciocínio de Roth era muito simples: se um líder não foi detalhista o suficiente para lidar com tarefas simples, então, a probabilidade de negligências com atividades maiores e de maior risco poderiam ser enormes.

Portanto, é importante perceber que um detalhe em uma etapa de um processo pode interferir no resultado final, e tal lição pode ser aproveitada em todos os âmbitos profissionais.