Dia 15 de Fevereiro, comemorou-se o Dia Internacional da Luta Contra o Câncer Infantil.
Com isso, a Prof.ª Erika Santos, Coordenadora Pedagógica do Curso de Pós em Enfermagem Oncológica, realizou entrevista com a Doutora Cecilia Maria Lima da Costa, Diretora do Departamento de Oncologia Pediátrica do Hospital A.C. Camargo.
Confira o conteúdo e entenda a importância da Enfermagem Oncológica:
1) Quais foram as principais mudanças no tratamento do câncer infantil, desde o descobrimento dos primeiros medicamentos até hoje?
Nesse período não houve, de uma forma geral, surgimento de novas drogas para o tratamento do câncer em crianças e adolescentes, mas devido aos resultados dos estudos de grupos cooperativos, passamos a usar mais racionalmente as drogas quimioterápicas direcionadas as peculiaridades dessa faixa etária. Dessa forma, novas combinações de drogas direcionadas para cada tipo de doença tem tornado o tratamento mais eficaz, visto que, a maioria dos tipos de câncer pediátricos, são muito sensíveis a quimioterapia. Os atuais estudos tem sido direcionados para reduzir a toxicidade aguda e tardia do tratamento. Alem disso os exames de imagem, histológicos e moleculares tem permito que o tratamento possa ser planejado de forma mais precisa para cada paciente, o que nos permite fazer o tratamento individualizado de acordo com as características clínicas e prognósticas. Outro ponto importante tem sido evitar as modalidades de tratamento que tenham alto potencial de sequela como é o caso da radioterapia, muito usada no passado. Nos pacientes em que não é possível evitar o tratamento com radioterapia, atualmente dispomos de equipamentos modernos que permitem poupar os tecidos normais dos efeitos adversos da radiação.
2) Quais são os desafios dos profissionais de saúde para ajudar crianças e suas famílias quando há o diagnóstico de câncer?
Os desafios são muitos. Nosso principal objetivo é curar o paciente, mas no curso do tratamento temos que priorizar a qualidade de vida da criança e sua família, usar todos os recursos para minimizar a toxicidade e o sofrimento decorrentes da doença e do tratamento. No contexto de uma doença crônica e grave, com potencial de ameaçar a vida, é importantíssimo que o profissional de saúde envolvido no tratamento construa com o paciente e sua família um vínculo de confiança. Para isso a equipe precisa se mostrar presente, disponível para dá informações sobre a doença e o tratamento e esclarecer todas as dúvidas. É essencial que o paciente e sua família sintam-se seguros e acolhidos por toda a equipe de saúde.
3) Qual é a contribuição do enfermeiro para a equipe que trata da criança com câncer?
O tratamento oncológico da criança e do adolescente deve ser sempre multiprofissional. Devido a complexidade e peculiaridades das doenças pediátricas assim como o a fisiologia de um organismo em desenvolvimento, é fundamental que a equipe seja especializada e esteja alinhada para condução desse tratamento. A equipe de enfermagem tem papel fundamental, pois costuma ter uma relação profissional de maior proximidade com a criança e sua família. Além dos procedimentos de enfermagem especializados que devem ser precisos, o enfermeiro muitas vezes é um importante elo de ligação entre o paciente e a equipe médica.
A Enfermagem então é um elo fundamental no tratamento da criança e no auxílio a família, para todo o processo do diagnóstico à reabilitação.