Foi divulgado recentemente, pela Federação Internacional da Diabetes, organização que congrega associações especializadas em diabetes em mais de 160 países, que no mundo há cerca de 1,1 milhão de crianças e adolescentes com menos de 20 anos de idade que são portadores do tipo 1 da doença. Estima-se que o aumento anual global de casos seja em torno de 3%.

Só na América Latina, 127,2 mil crianças e adolescentes convivem com a diabetes, e o Brasil é o país com o maior número de registros, chagando a 95 mil casos. No ranking global, o país só perde em números para os Estados Unidos e a Índia.

Segundo o relatório anual da Federação Internacional de Diabetes (IDF, na sigla em inglês), cerca de 98,2 mil crianças e adolescentes com menos de 15 anos são diagnosticados com diabetes a cada ano. Este número sobe para 128,9 mil se for considerada a faixa etária até os 20 anos. A diabetes tipo 1 cresceu 14 vezes entre crianças e adolescentes. Segundo especialistas, a diabetes é a doença endocrinológica mais comum entre crianças, e a terceira doença crônica pediátrica.

Segundo o IDF, existem evidências que apontam que a diabetes tipo 2 seja mais frequente em adultos, embora se esteja verificando um aumento de casos entre crianças e adolescentes.

 

Evidências do aumento de casos entre crianças e adolescentes

Segundo o mesmo relatório anual da IDF, esse fenômeno é “motivado por uma complexa interação entre fatores socioeconômicos, ambientais e genéticos, como qualidade de vida das pessoas, alimentação, sedentarismo e, consequentemente, aumento de peso da população.

Para se ter uma ideia do quanto os hábitos alimentares e físicos estão relacionados à incidência da doença, no Brasil, a pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) de 2018, do Ministério da Saúde, apontou um aumento de 67,8% da obesidade nos últimos 13 anos, saltando de 11,8% em 2006 para 19% em 2018. Os dados apontam também que 3 a cada 10 crianças de 5 a 9 anos estão obesas.

Segundo a professora mestra do curso de pós-graduação em Nutrição da Pós Estácio, Larissa Ferreira, a diabetes e a obesidade são complicações sérias, especialmente na infância, principalmente porque essa fase é um período intenso de crescimento e desenvolvimento. Essas doenças, além de comprometerem as funções orgânicas, atrasam o desenvolvimento motor e podem gerar agravos permanentes à saúde.

“Outro ponto que merece atenção é a alteração do comportamentotanto alimentar quanto social. As crianças passam a ter hábitos de vida diferentes, como restrição alimentar e/ou privação de atividades físicaslúdicas, por vergonha ou por apatia, condicionantes estes que potencializam o sedentarismo e as disfunções emocionais”, alertou a professora Larissa.