Em um bate-papo com a Estácio, a professora e coordenadora de cursos de Pós em Enfermagem, Ana Lucia Pazos Dias, responde algumas dúvidas referentes à atuação do enfermeiro na área da Cardiologia. Também apresenta novas perspectivas no que se refere às informações da Organização Mundial da Saúde, bem como dados concretos que abrangem os desafios de profissionais de Enfermagem. Acompanhe os esclarecimentos da docente!
 
P: Atualmente, como estão as estatísticas relacionadas às doenças no coração?
 
Ana Lucia: O crescimento da população de idosos de 1980 a 2000 foi de 107%, e a projeção para os próximos 20 anos aponta para a duplicação desta população no Brasil, de 8% para 15%. O crescimento desta população ocasiona o aumento de prevalência de doenças crônicas, dentre as quais se destacam as doenças cardiovasculares, que respondem pela maior parcela dos óbitos no país e de despesas com assistência hospitalar no SUS, totalizando cerca de 75% dos gastos com atenção à saúde (Ministério da Saúde).
 
Em 2011, os dados das Estatísticas Mundiais de Saúde da Organização Mundial de Saúde (OMS), mostravam que as doenças não-transmissíveis, como as doenças cardíacas, os derrames e a diabetes, compõem dois terços de todas as mortes no mundo, devido ao envelhecimento da população e à propagação de fatores de risco associados à globalização e à urbanização.
 
No Brasil, este grupo de doenças é a primeira causa de óbito e, em 2008, os óbitos provocados por elas representaram 30% do total registrado globalmente. A estimativa é que, em 2030, o total de mortes possa chegar a 23,6 milhões por ano (World Health Organization).
Entre 2011 e 2012, segundo dados do Ministério da Saúde, houve aproximadamente 74.751 internações hospitalares relacionadas às doenças do aparelho circulatório. Destes, 39.706 casos na Região Sudeste, sendo uma das regiões que mais gerou gastos para os sistemas de saúde.
 
P: Quais os principais desafios enfrentados por um profissional de Enfermagem na hora de lidar com doenças no coração?
 
Ana Lucia: Podemos afirmar que existe um campo amplo para a atuação dos profissionais de Enfermagem nessa área e o grande desafio está na estruturação profissional, fornecendo-lhes condições para o desenvolvimento de competências, e as etapas de treinamento; que criam condições para o desenvolvimento de habilidades dos profissionais.
 
Aliado a esse cenário, faz-se necessário aplicar um dimensionamento de pessoal adequado para o desenvolvimento desses fundamentos e melhor condução e compreensão das principais condições patológicas, tais como, Arterosclerose e Dislipidemia, Hipertensão Arterial Sistêmica, Acidente Vascular Cerebral e Diabete Mellitus. 
 
P: Quais os métodos e procedimentos complexos na cardiologia devem ser de conhecimento do profissional de enfermagem?
 
Ana Lucia: Podem ser citados: ECG, MAPA, HOLTER, Teste Ergométrico (TE), TILT TEST, CETE, Ecocardiograma, TC, RNM e Cintilografia, Cineangiocoronariografia, além de Estudo Eletrofisiológico.
 
P: Qual a importância de se trabalhar junto a equipes multidisciplinares em Cardiologia, para um diagnóstico mais adequado e posterior tratamento do paciente? 
 
Ana Lucia: Atualmente, há evidências na literatura mundial sobre os benefícios do trabalho em equipe como ferramenta fundamental para a manutenção da qualidade nos serviços de saúde. Existem, ainda, associações positivas entre as relações profissionais, com destaque para a relação enfermeiros e médicos, autonomia do enfermeiro, controle do ambiente e suporte organizacional sobre o cuidado (Panunto, Guirardello, 2014). 
 
Podemos assegurar que é determinante investir no exercício da autonomia do enfermeiro para gerir sua própria assistência, que é pautada na responsabilidade, nas habilidades e competências no exercício da profissão; e, assim, o atendimento se torna mais eficaz e seguro diante dos desafios do aumento do envelhecimento da população e do aumento das doenças crônicas.
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Referências: 
Panunto MR, Guirardello EB. Professional nursing practice: environment and emotional exhaustion among intensive care nurses. Rev. Latino-Am. Enfermagem. [Internet]. 2013 [Access July 2, 2014];21(3):765-72. Available from: http:// www.scielo.br/scielo.php