DANÇA E CONSCIÊNCIA CORPORAL
De Pina Bausch a Diogo Granato

por Rita Alves


A estrutura da dança vem se modificando com o passar do tempo, a estética do movimento, a presença do corpo no mundo vem se coordenando com a presença todo, numa interação, num reflexo ou espelhamento em que cada um é a soma de tudo a sua volta, em que o cenário pode ser um retrato do cotidiano, como um bar, uma paisagem natural ou nenhum cenário, numa alusão à solidão humana diante do mundo – ou ainda inversamente – à plenitude do homem sendo apenas ele mesmo o todo.

Pina Bausch¹, cujo nome completo é Philippine Bausch, dançarina alemã (1940 – 2009), explorou o tema da dramaticidade humana em suas relações, os confrontos e encontros, a expressão do homem e de toda a musculatura como veios externos da sensação, contou histórias, crônicas, através de suas coreografias poderosas.

A dança integra o homem ao seu tempo e desintegra conceitos, expande fronteiras, faz analogias inesperadas, rompe tabus, dá ao corpo – à pele – a vestimenta da alma; se estabelece como arte referencial para outras artes, agrega o teatro, a música, as artes plásticas, numa somatória exponencial de expressões.

No Brasil, atualmente, um dos nomes que transita pelo universo do corpo como expressão de seu tempo é Diogo Granato.

Diogo Granato² (foto acima)  incorporou o Parkour à dança, ou à arte do deslocamento, que significa deslocar-se eficientemente, dando ao movimento precisão de velocidade e visualmente a estética apropriada, tendo como instrumento o próprio corpo, transpondo obstáculos, naturais ou urbanos, dando uma conotação cênica ao percurso do movimento.

O homem passa a apropriar-se do espaço urbano, toma consciência de que transformá-lo pode ser representá-lo cenicamente, evidenciando a morfologia da cidade, minimizando a psicodramaticidade com técnicas o imprevisível do que o circunda.

²Diogo Granato: Criador e interprete de solos de Dança-Teatro como “Aretha”, que lhe rendeu uma premiação de melhor intérprete de 2006, pela Associação Paulista de Críticos de Arte, e “Seis Sentidos?”, que encerrou o “Intransit Festival” em Berlim, e de duetos com importantes figuras da música como Natalia Mallo (Brasil/Argentina) e Mathias Landaeus (Suécia). Diogo é, também, intérprete-criador da premiada Cia Nova Dança 4 há quinze anos. E diretor do Silenciosas e do GT’Aime, ambos grupos de Dança-Teatro. Estudou com muitos dos melhores professores e diretores de dança, teatro e circo do Brasil e alguns de fora, e é membro do “Le Parkour Brasil”, grupo pioneiro do Parkour e do Freerunning no Brasil. 

Mais informações você tem no incrível site do artista, que disponibiliza diversos vídeos de seus trabalhos: diogogranato.wordpress.com

¹Pina Bausch: www.pina-bausch.de

 

Pina Bausch.
Me, my Dreams and I.