O Dia do Ferroviário é comemorado hoje, 30 de abril, ocasião esta em que, no ano de 1854, foi inaugurada a Imperial Companhia de Navegação a Vapor e a Estrada de Ferro de Petrópolis (a primeira linha ferroviária do Brasil).
 
De acordo com o professor José Roberto Pataro, do nosso curso de Pós em Engenharia Ferroviária, a data da criação da primeira ferrovia é um marco histórico para o Brasil. “Graças ao grande empreendedor e visionário Irineu Evangelista de Souza, o  Barão de Mauá, houve a  concessão do Governo Imperial para a construção e exploração de uma linha férrea, ligando o Porto de Mauá à  Raiz da Serra de Petrópolis, com uma extensão de 14,5 km”, complementa.
 
Barão de Mauá ainda participou direta e indiretamente da implantação em outras nove ferrovias pelo país. Essas construções no período Imperial tiveram  como objetivo principal integrar as regiões e escoar a produção gerada do interior até os mercados consumidores, principalmente aos portos. "Tudo isso com um sistema  mais econômico e pouco poluente", ressalta Pataro. 

Melhorias contínuas e investimento 

Por outro lado, falando a respeito da usabilidade das linhas ferroviárias, sabe-se que a rede ferroviária brasileira, excluindo a de transporte urbano, tem 29 mil quilômetros de extensão. Em 1,6 mil quilômetros, 6% do total, passageiros são transportados. Nos outros 94% da rede, se leva carga. Conforme comenta o professor, neste sentido, a nação continua na contramão, diferente de outros países que priorizam e incentivam o transporte de passageiros a longa distancia por meio do sistema férreo. 
 
"Na Europa, por exemplo, existem políticas públicas para subsidiar o transporte ferroviário de pessoas, o que, em consequência, atrai e incentiva o turismo das regiões, gerando empregos  e movimentando a economia. Aqui, com toda a nossa extensão, existem apenas três linhas de passageiros ativas de longo trajeto e mantidas por empresas privadas", lembra. 
 
Pataro diz que os governantes precisam enxergar a importância da aplicação destes  subsídios, o que seria um gerador de negócios nas regiões por onde existissem ferrovias, reduzindo consideravelmente a sobrecarga dos transportes rodoviários e aéreos, constituindo grande incentivo ao turismo nacional.
 
A boa notícia é que o governo lançou um pacote de obras de infraestrutura por meio de parcerias com a iniciativa privada, que incluem investimentos em três ferrovias: a Norte-Sul, que passaria por São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Tocantins; a Ferrogrão, que integraria o Mato Grosso e o Pará; e a Ferrovia de Integração Oeste-Leste, na Bahia. 
 
Pataro analisa que esses são projetos extremamente relevantes e estratégicos, que visam atender necessidades destas regiões, conectando as malhas ferroviárias de  acesso aos portos e regiões produtoras do país, que até então, viviam regionalmente isoladas. No que se refere à Ferrogrão, há a previsão da implantação de uma infraestrutura ferroviária nos  trechos e um novo arranjo logístico para o escoamento das commodities agrícolas produzidas no Centro-Oeste. Isso é muito positivo. 
 
O docente mencionou também os benefícios socioambientais que podem acontecer em decorrência desse pacote de obras de infraestrutura. A ação acarretará vantagens não só para os estados e municípios que estão sob certa área de influência, mas para o país, com reduções significativas na emissão de  CO2, geração de empregos, aumento na arrecadação de impostos e promoção do desenvolvimento. Agora, é esperar e torcer para que os projetos sejam concretizados num breve espaço de tempo.