A internet nunca foi um ambiente tão perigoso por conta de falsas notícias, facilmente compartilháveis e virais, sobre nutrição, saúde e qualidade de vida sem nenhum embasamento ou comprovação científica. Também não é difícil encontrar blogueiras e influenciadores digitais do meio fitness criando tutoriais de emagrecimento fácil sem preparo profissional, ou oferecendo produtos com promessas milagrosas. A fácil repercussão desse tipo de conteúdo tem provocado grande impacto na vida de usuários de redes sociais e aplicativos de mensagens, além de riscos à saúde.

Recentemente, a empresária e ex-BBB Mayra Cardi, que também é coach de emagrecimento, se envolveu em uma polêmica nas redes sociais por promover um suposto tratamento de emagrecimento que tem como composição “microbiota de magros”. Trata-se de um medicamento manipulado que promete uma “limpeza profunda” no organismo, promovendo a perda de até 4 kg e tornando-o propício para o desenvolvimento da microbiota do magro.

A microbiota nada mais é do que um conjunto com trilhões de bactérias que vivem e se desenvolvem dentro de cada ser humano. Algumas pesquisas apontam que a microbiota pode ser diferente em pessoas geneticamente magras, e talvez, por isso, seria responsável pelo emagrecimento. Nas redes sociais, o a empresária e seu produto sofreram duras críticas, principalmente por profissionais de nutrição. A ex-BBB foi denunciada no Ministério Público, acusada de prometer coisas impossíveis, propaganda enganosa e atrapalhar o exercício da profissão.

Segundo a Prof. Dra. Vanessa Coutinho, docente do curso de pós-graduação em Nutrição na Pós-Estácio, existem evidências sobre microbiota intestinal de magros e obesos e ocorrem pesquisas a respeito do tema, mas ainda não há estudo ou embasamento científico o suficiente para o desenvolvimento e comercialização de medicamentos, além dos riscos de efeitos colaterais causados pelas bactérias:

“Ciência não é modismo, precisamos estudar, ponderar e refletir, um relato não serve para protocolar e assumir resultados em todos os pacientes. Ainda estamos aprendendo sobre microbioma, é triste que as pesquisas estimuladas pela indústria farmacêutica apresentam conflito de interesses e viés de estudos”.