Alguns esportes radicais oferecem riscos, sejam aqueles anunciados, ou as tais fatalidades que podem ocorrer durante a prática de exercício ou manobra mais complexa. No surf, isso é bem corriqueiro. Férias em uma praia paradisíaca podem virar o pior pesadelo pelo ataque de um tubarão, como o que houve com um jovem no domingo (03/06), na Praia de Piedade, no Grande Recife. José Ernesto Ferreira da Silva chegou a passar por uma cirurgia, mas não resistiu aos ferimentos. 
 
Infelizmente essas situações não podem ser previstas. Mas é interessante que todo praticante de esporte tenha em mente os riscos mais comuns ligados à sua modalidade de preferência. Movimentos complexos podem causar danos às articulações, uma queda pode resultar em fratura… Portanto, todo cuidado é pouco.
 
Pensando em todos os perigos e em como a Fisioterapia pode ser fundamental ao atleta no tratamento de lesões, a professora e coordenadora do curso de Reabilitação do Membro Superior e da Mão, Maria Cristina Balejo Piedade, elencou os principais danos de acordo com cada esporte e qual o procedimento a ser levado em consideração. 
 
Acompanhe os apontamentos da docente! 
 
Surf:
 
O surf é um esporte que, dentre outras habilidades, exige força e propriocepção nos membros superiores (MMSS) para se deslocar sobre a prancha dentro da água, utilizando o estilo crawl, bem como para estabilizar a prancha ao furar a onda ou ficar em pé sobre a mesma.
 
Horas de treinamento, técnica inadequada e desequilíbrios musculares podem levar a lesões no ombro, sendo a mais comum a síndrome do impacto.
Outras lesões que podem ocorrer são cortes, estiramentos, luxações e fraturas devido às manobras, ao contato com a prancha e com o fundo do mar, principalmente em ondas altas, em praias com fundo de rocha. 
 
Particularmente os braços podem sofrer cortes devido ao fácil contato com a prancha durante uma queda, as luxações frequentemente ocorrem nos ombros e as distensões musculares de MMSS acometem principalmente os braços e os ombros.
 
A reabilitação tem um papel importante na prática deste esporte, uma vez que, poderá trabalhar preventivamente com um programa de condicionamento específico às demandas do surf, curativo nos casos não cirúrgicos, com medidas analgésicas e que estimulam o reparo tecidual, bem como pós-operatório, nos casos cirúrgicos, preparando o atleta para o retorno à sua prática esportiva. 
 
Esqui:
 
No período de inverno no hemisfério norte, muitos brasileiros viajam para esquiar e não raro, alguns sofrem uma lesão no polegar conhecida como Lesão do Esquiador caracterizada pelo comprometimento do ligamento colateral ulnar da base do polegar, levando à perde de força e sustentação e deixando os movimentos, como o de pinça, instáveis e dolorosos.
 
Esta lesão ocorre pela alavanca de força entre o polegar e o bastão do esqui, afastando excessivamente o polegar do dedo indicador.
 
O tratamento tanto conservador quanto pós-operatório compreende o uso de uma órtese em termoplástico feita sob medida, recursos analgésicos e de estimulação do reparo tecidual como o laser e o ultrassom, bem como recursos da cinesioterapia para restauração do movimento, força, resistência e função.
 
Skate:  
 
O skate é considerado um esporte radical e por isso é importante reconhecer os riscos desta modalidade e se prevenir na medida do possível com o uso de equipamentos de segurança.  Entretanto, mesmo com os cuidados adequados, as lesões são inevitáveis devido à complexidade das diversas modalidades e manobras e à imprevisibilidade das quedas.
 
Uma vez que as quedas são inevitáveis, é importante “aprender a cair”, e a recomendação é procurar projetar as costas para o chão e rolar ao invés de cair de frente apoiando as mãos. 
 
As lesões mais frequentes de quem pratica skate são as contusões, entorses, luxações e fraturas e os membros superiores são acometidos em cerca de 30% dos casos. As entorses são comuns no punho, cotovelo e ombro, bem como as luxações e as fraturas com comprometimento ligamentar. 
 
Dependendo da lesão o tratamento cirúrgico é inevitável e, a reabilitação, parte fundamental para o retorno adequado do atleta à modalidade. O terapeuta deverá conhecer os processos de inflamação e reparo tecidual, além das particularidades de cada lesão, para aplicar corretamente os diversos protocolos que servirão como guias para estabelecer os objetivos e progressões do tratamento. Importante lembrar do cuidado para não comprometer o reparo das estruturas lesadas e restaurar ao mesmo tempo a mobilidade e a estabilidade articular.
 
Por isso, em caso de lesão, faça todo o acompanhamento médico e de reabilitação necessários e não volte ao skate antes do previsto, pois devido à alta demanda e risco do esporte, a recuperação completa é necessária.
 
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