Comunicar com o aluno é uma das tarefas mais complexas da pedagogia.  A educação passa por atualizações e reformulações constantes para que consiga transmitir, transferir conteúdo.

Um dos itens que compõe esta cultura é o livro didático.  O suporte “livro” impresso passou por mudanças significativas desde o seu surgimento, foi condutor de conteúdos, informações, ideologias, desafios.

O aparelho do estado vale-se deste suporte como uma das principais ferramentas mediadoras entre o professor e o aluno e, ainda que de relevância significativa, poucas publicações têm como característica a preocupação estética, a apresentação, o visual.

Desde o secular Instituto Nacional do Livro (INL), em tempos de Getúlio Vargas,  a ideia era fazer com que se tivesse uma política pública para a educação.  Tempo das enciclopédias, em que se sabia muito pouco de cada coisa, resumidamente, nas imensas coleções que rapidamente ficavam desatualizadas.

Posteriormente outras ações governamentais regulamentaram a produção e distribuição dos livros, tendendo politicamente a cada novo governo.

Das cartilhas de alfabetização aos livros paradidáticos, complementos que muitas vezes superavam em qualidade gráfica e conceitual os livros padrão.

A tecnologia presente na vida de todos os brasileiros, ainda que na mais afastada aldeia indígena, nas comunidades quilombolas, nas periferias dos grandes centros urbanos ou nos colégios de elite, não ocupou o espaço do livro didático.

Atualmente os livros passam por uma avaliação pedagógica antes de serem autorizados a ir para as salas de aula, levando em consideração alguns parâmetros do Ministério da Educação.

Ainda assim, não são raros os casos em que erros crassos aparecem expostos na mídia nos deixando boquiabertos, como no caso em que erros no mapa do Brasil causaram revolta nos munícipes de Jundiaí, em 2014.

O quesito acessibilidade é um dos principais para que o livro chegue às mãos dos alunos portadores de necessidades especiais:  o Programa Nacional do Livro Didático em Braille, ou ainda livros que contém CD-rom que permitam que o aluno possa ter acesso ao conteúdo em libras.

A ideia é que, ainda que tenhamos um longo caminho de aprimoramento, o livro didático  é um precioso objeto condutor de conteúdos, mas que nada significa sem que o professor, o aluno, a escola, a comunidade interajam em prol da formação do saber.


Fonte: Rita Alves (Professora de Metodologia da Pesquisa Científica de Pós-graduação da Universidade Estácio de Sá).