O passado como forma de pensar o presente.
por Rita Alves¹

Os últimos acontecimentos que se espalharam pelo país colocam em xeque o pensamento formal, nos faz repensar o modo de entender o que significa sociedade organizada em instituições e organizações sociais, nos remete a questionar um dos chavões atuais: “Brasil, um país do futuro”.


Publicado no Brasil em 1941, o título do livro de Stefan Zweig, “Brasil, um país do futuro”, parece ser um estigma, como se o país não pudesse jamais ser o país do presente, mas sempre à espera do futuro.


No entanto, ações coletivas e muito empenho de vários segmentos da sociedade civil contradizem essa máxima e têm feito deste país uma nação do agora.


Esforços acadêmicos no sentido de encontrar formas dinâmicas de pedagogia, que cheguem aos mais distantes locais do nosso imenso território da forma mais homogênea possível, respeitando todas as diferenças regionais e adequando às culturas locais, aos saberes tradicionais, talvez seja o maior desafio.


É fundamental compreender também a complexidade de se lidar com uma população urbana que se expandiu vertiginosamente sem planejamento, educar para a compreensão do meio ambiente para um desenvolvimento sustentável, atentar para os resíduos sólidos, cada vez mais volumosos, entender a dinâmica do planeta.



Este é tema presente em vários segmentos de pesquisa e expressão.


A arte contemporânea não foge à questão e, como um exemplo de quem se apoia nos ombros de gigantes do passado, como modo de pensar o presente, está o artista plástico Vik Muniz.



O trabalho de recolha do lixo em grande escala para criar obras e projetos sociais  de inclusão que derivam desta ação é uma das vertentes de arte de Vik Muniz.

Na obra Atlas, Giovani Francesco Barbieri, d’après Guercino, de 2007, o artista faz uma releitura da obra de Guercino, em que Atlas, filho de Gaia e de Urano, um dos Titãs gregos, comete o erro de lutar contra Zeus, sendo condenado a carregar eternamente o globo celestial nos ombros. Na obra de Vik, o homem carrega o planeta completamente tomado de lixo.

























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Rita Alves é Historiadora e Gestora de Patrimônio Histórico e Cultural.  Revisora no Grupo Phorte.

MBA em meio ambiente e desenvolvimento sustentável