A maioria dos especialistas se surpreenderam quando a vitória de Donald Trump para a eleição presidencial nos Estados Unidos foi anunciada, nesta quarta-feira (09). Ele se tornou o 45º presidente americano, com 277 votos no Colégio Eleitoral do país, mais do que os 270 necessários para vencer. O fato é que, a partir da confirmação de sua vitória, líderes e chefes de Estado começaram a se manifestar, bem como um amplo impacto foi percebido nas bolsas de valores dos países mais importantes para a economia global. 
 
Conforme cita o Coordenador da Pós em Ciências Políticas, Mestre em Filosofia pela Universidade São Judas Tadeu, Professor Emerson Ferreira da Rocha, tudo ainda está muito nebuloso. Ele diz que, na política, há um hiato muito grande entre aquilo que se fala e aquilo que se faz. E, agora, é preciso ver como Donald Trump vai se colocar perante os seus eleitores, em relação às promessas feitas durante a campanha. 
 
Sobre as consequências que podem respingar nas relações políticas e econômicas em torno dos EUA e dos outros países, Emerson Rocha destaca que ainda há uma incógnita. Isto porque Trump já confirmou que vai fechar mais o mercado norte-americano para a entrada de produtos estrangeiros, especialmente os que vêm da China. Mas há um fato que deve ser levado em consideração: o presidente não é uma figura com poder único deliberativo, outras organizações que fazem parte do governo intervêm nas importantes tomadas de decisão, que definem o futuro do país. Sendo assim, Trump precisa de apoio para governar a nação e para que as suas atitudes sejam aprovadas. 
 
Quando se fala da conexão entre Brasil e EUA, Rocha salienta que, em um primeiro momento, como estas relações são amistosas, nenhuma mudança drástica vai ocorrer, mas acredita que a política de imigração possa sofrer, sim, a longo prazo.
 
Sob outro aspecto, avalia-se que a oscilação entre os perfis progressista e conservador nas eleições é algo natural na história contemporânea e, a partir da observação dos movimentos políticos e democráticos da atualidade, percebe-se que a onda conservadora tem ganhado espaço. 
 
No caso do saldo das eleições presidenciais americanas, pode-ser dizer que a definição foi concedida por uma população que enfrenta o terrorismo e a luta contra o terrorismo é simbolizada por partidos conservadores, pelo menos no discurso. Este é um ponto. Depois, os impactos da globalização devem ser lembrados, com produtos chineses entrando cada vez mais em vários lugares do mundo e também nos EUA, o que, no fim, gera desemprego e descontentamento por boa parte dos profissionais das indústrias. Estas podem ser as razões que explicam os recentes resultados, comenta o Coordenador Pedagógico da Estácio. 
 
Para o Pós-Doutor em Direito pela Universidade de Coimbra, em Portugal, Coordenador e Professor dos cursos de Pós em Direito da Estácio, Ivan de Oliveira Silva, na verdade, o momento incentiva as sociedades a compreenderem um novo sentido para a política. Há uma espécie de angústia coletiva pairando no ar, segundo ele mesmo menciona.
 
Hoje, a visão que vêm se propagando é efeito da chamada democracia de consumo. O eleitor vai às urnas como quem vai ao supermercado, escolhe a dedo os seus produtos, mas nem sempre comenta sobre as suas preferências com receio de represálias, de acordo com o Professor Ivan de Oliveira Silva. 
 
O eleitor, de uma forma geral, enjoou de um modelo pronto. Agora, ele quer comprar ideias diferentes. Há uma desilusão do ideal democrático e nas urnas é possível consumir um produto da política, em segredo, conclui o Professor. Mais um motivo para que os eleitores de Trump não manifestassem publicamente o desejo de mudança. Entre a continuidade do governo Obama, sob a condução de Hillary Clinton, e uma transformação radical, com Trump no comando, eles sinalizaram que a segunda opção seria a mais viável. 
 
O que se espera, daqui para frente, é que o direito ao debate prevaleça, independentemente dos resultados nas urnas. Somente assim, novas ideias e novos expoentes da política continuarão surgindo. Neste sentido, os jovens devem permanecer participativos. 
 
O discurso prudente adotado por Donald Trump logo após o anúncio de sua conquista é, de certa maneira, um alívio inicial. No entanto, não há como negar que esta eleição irá influenciar em definições que envolvem negociações, além de parcerias políticas e econômicas ao redor do mundo. É aguardar para ver as surpresas.