Pense em um problema. Pensou? Então você certamente sentiu um pouquinho da aflição que a tal situação estressante provoca – porque, quando nos lembramos de algo (estressante ou não), nosso cérebro realmente vivencia aquilo de novo. Ou seja: a nível neuronal, não há tanta diferença entre uma experiência e a lembrança dela.
Recordar um momento, seja ruim ou bom, produz no seu corpo efeitos análogos aos que você experimentou quando realmente viveu aquele momento. E isso está na raiz do grande problema psíquico do nosso tempo: a ansiedade. Ela é um efeito colateral do excesso de estímulos cognitivos (tanto os vindos do ambiente quanto os endógenos, gerados pelo próprio cérebro), mas também tem consequências físicas terríveis. Pensar demais pode arrasar o corpo.
Mas um novo estudo provou algo de que a sabedoria popular sempre suspeitou: também é possível fazer o caminho oposto, e usar o corpo para domar o cérebro. E é incrivelmente fácil: basta respirar.
Inspire. Expire. Fundo.
Se você fez isso, então certamente sentiu algum grau de relaxamento. E agora o motivo é explicado. A resposta está no chamado Complexo pré-Botzinger, um grupo de células que fica no bulbo neural (região que conecta o cérebro à medula espinhal) e foi descrito pela primeira vez em 1991. O Complexo funciona como se fosse um “marca-passo da respiração”, ou seja, é graças a ele que o seu organismo inspira e expira, milhares de vezes por dia, sem que você precise pensar nisso. Mas ele faz outra coisa também.
Cientistas da Universidade da Califórnia descobriram que o Complexo se comunica com outra área do cérebro: o locus coeruleus (LC), uma região que gerencia o nível de alerta – portanto, de estresse – do indivíduo. Respirar fundo e lentamente provoca alterações no Complexo, e isso deixa você calmo.
Esse mecanismo também funciona no sentido oposto (o indivíduo tender a ficar ofegante quando está nervoso), e ajuda a explicar a eficácia da meditação – que tem o controle da respiração como um de seus elementos centrais.
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