Conheci e comecei a namorar a Grazy em 2001. Ela tinha asma severa desde criança e sempre precisou de medicação. Então, em 2014, decidi fazer uma pós-graduação em Atividade Física Adaptada e Saúde. Logo no início do ano realizei minha matrícula e comecei a estudar. Moro em São Leopoldo (RS) e as aulas da pós-graduação eram realizadas em Porto Alegre, cerca de 35 km de distância.
Como avaliação da pós-graduação eu tinha que fazer um artigo e apresentar na aula final do curso, então escolhi fazer algo sobre asma. Lembro que alguns colegas e amigos sempre diziam:
– Não façam nada sobre asma, pois o coordenador do curso, Luzimar, domina esse assunto como poucos e, na banca final, na apresentação, ele cobrará muito de quem fizer algo sobre asma, então, não façam.
Inicialmente me preocupei com isso, pensando em escolher outro assunto, porém, em dezembro de 2014, na aula sobre asma com o professor Luzimar, tive a certeza que adoraria fazer algo sobre o tema. No mês seguinte, na aula de DPOC (Doenças
Pulmonares Obstrutivas Crônicas) com o Professor Clovis, conversei com ele e o convidei para ser meu orientador. Prontamente ele aceitou. A partir daí comecei a ler mais sobre o assunto e pensei: posso unir o útil ao agradável, por que não realizar um estudo de caso com a Grazy? Poderia realizar um trabalho com ela sobre asma e quem sabe melhorar a condição/qualidade de vida dela através do meu estudo. Foi o que fiz.
Li muitos artigos, noites mal dormidas pensando como e o que fazer, até que, através da leitura e estudos que eu estava realizando, decidi fazer algo. Enviei um e-mail para o professor Clovis e ele aceitou. Criei uma nova variável, um programa de exercícios físicos e respiratórios, e então a partir de abril de 2015 começamos com esse programa. Para comparar os resultados, foram realizados exames e acompanhamento médico, pois o programa poderia dar certo ou não.
Ah! Sobre a asma severa, a Grazy, antes de iniciar o programa de exercícios e respiratórios, tinha uma capacidade pulmonar de apenas 28%, isso mesmo! Era muito preocupante. Lembro-me de uma tarde de inverno em que fui levá-la ao pronto-socorro às pressas, por pouco não a perdi devido à crise de asma. Ela usava broncodilatador todos os dias. Uma “bombinha de broncodilatador” durava cerca de cinco a sete dias, sem contar outros medicamentos e sintomas constantes. Falta de ar ela sentia todos os dias.
Bom, voltando ao estudo realizado com ela – digo que ela é meu estudo de caso –, após iniciar o programa, já no primeiro mês os resultados foram aparecendo, e no final de quatro meses de programa de exercícios os resultados foram EXCELENTES! Não dava para acreditar, pois ela não tinha mais falta de ar, os outros sintomas também sumiram e o broncodilatador, no último mês do programa, ela quase não precisava mais usar.
Novos exames foram realizados e os resultados foram surpreendentes, pois a capacidade pulmonar de 28% foi para mais de 90%, ela perdeu peso, e é outra pessoa.
A pneumologista que a acompanha há cerca de cinco anos se emocionou e chorou ao ver os resultados e melhoras da Grazy. Já o clínico-geral, que também a acompanha desde os doze anos e também por coincidência é meu médico desde os meus sete anos, disse que eu realizei um milagre.
Mas não foi um milagre, foi dedicação, estudo e pesquisa. Sem a Estácio, sem o curso de Atividade Física Adaptada e Saúde, sem os excelentes professores do curso, nada seria possível. Os professores têm uma grande parcela em tudo isso, os méritos são para todos nós, pois se não fosse os ensinamentos, não seria possível, ou a caminhada seria muito mais difícil.
E sobre o dia da apresentação do meu artigo ao professor Luzimar, nunca fui tão elogiado em minha vida acadêmica como fui naquela manhã de sábado, em 26 de setembro de 2015.
Hoje estou muito feliz por tudo isso, pois, para coroar o meu trabalho, ele foi publicado em uma revista científica. A Grazy está bem e continua rigorosamente com o programa de exercícios. Agora pretendo que outras pessoas se beneficiem com o programa, será uma satisfação muito grande para mim.
Agradeço a todos os professores que contribuíram no decorrer do curso, mas em especial ao meu orientador Clovis, a querida Milena e ao Luzimar.
Pretendo fazer um mestrado, mas infelizmente hoje não é possível, pois os custos são altos, não tenho como pagar, mas um dia conseguirei. Sobre o que desejo fazer meu mestrado? Sobre asma.
A Grazy é um pouco envergonhada, mas pediu para eu escrever que ela está feliz e sente-se cada vez melhor.
Obrigado pela oportunidade, Agnel de Rossi.