Na Copa do Mundo de 2019, uma série de estratégias bem-sucedidas foi adotada pela seleção de futebol feminino dos Estados Unidos, o que acabou colaborando com a sua vitória. Além dos gramados e do treino tradicional, a equipe técnica monitorou os ciclos menstruais das atletas, adaptando a eles a carga de treino, a dieta e o controle de sintomas. A técnica da seleção norte-americana, Dawn Scott, declarou ao programa de TV daquele país, Good Morning America, que acredita que a iniciativa foi um dos fatores determinantes da vitória.

Para muitos especialistas em esportes, já era tempo de que essa estratégia ganhasse força no esporte feminino, uma vez que diversas atletas de ponta já se queixaram do impacto da menstruação em sua performance e seus treinos. A tenista britânica Heather Watson, por exemplo, justificou a derrota do Aberto da Austrália de 2015 devido a sintomas de seu ciclo menstrual, incluindo tontura e náuseas. Eilish McColgan, corredora olímpica, também afirmou que o mal-estar causado pela menstruação contribuiu para que ela lesionasse o tendão em 2018.

Durante as Olimpíadas de Londres, em 2012, foi criada uma iniciativa que ajudava atletas brasileiras a controlar os sintomas da tensão pré-menstrual e da menstruação, como cólicas e sangramento excessivo, além de contar com acompanhamento médico e técnicas que incluíam o controle hormonal. Essa assistência prosseguiu em 2016.

Existe uma série de aplicativos para smartphones que podem auxiliar mulheres no monitoramento de ciclo menstrual, fluxo sanguíneo e sintomas. O aplicativo FitrWoman, desenvolvido pela corredora e pesquisadora Georgie Bruinvels para atletas de elite, vai além dos aplicativos convencionais e monitora sintomas e atividades físicas, com informações sobre a nutrição e a fisiologia durante cada fase do ciclo e explicações sobre eventuais mudanças no corpo. Além de responsável pelo aplicativo, a própria Bruinvels trabalhou com equipes femininas de futebol e natação dos Estados Unidos. A pesquisadora acredita que é possível usar as informações ao seu favor, adaptando treinamentos específicos e precisos conformes as flutuações hormonais femininas em vez de deixar de treinar.

As flutuações causadas pelo ciclo hormonal podem afetar diversas funções fisiológicas e psicológicas de mulheres, desde a forma da mulher de se movimentar e se adaptar ao treinamento até o modo de pensar e agir. O entendimento desses processos em cada atleta ajuda técnicos a otimizar as cargas de treino.

O técnico Jamie Main, responsável pelo treinamento da equipe de natação da Inglaterra, usa há cinco meses um app voltado para treinadores que monitora a saúde das atletas e compartilha as suas informações com o profissional para que ele planeje o treinamento adequado. Segundo Main, o aplicativo gerou proatividade na adaptação de sessões de alta intensidade que se encaixassem no ciclo de cada atleta. Existem também momentos do ciclo em que a chance de lesão é maior, e esse conhecimento ajudou a intensificar o trabalho de recuperação e aquecimento ou a carga de treino em momentos certos.

O aplicativo de monitoramento ainda indica momentos do ciclo em que os níveis de açúcar podem estar instáveis em relação à perda sanguínea, recomendando que a atleta se alimente de proteínas e carboidratos complexos. Embora ainda seja necessário realizar mais pesquisas científicas sobre o tema, o impacto sobre essa tecnologia em mulheres atletas já é bastante notado a partir dos resultados de performances e rendimento físico.

 

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